quinta-feira, março 22

Sinestesia

O perfume carregado de si
Instiga meu tato 
Por olhos
Molda minha língua
Que trás formas ao pensamento
Entrelaçado às palavras 
Feito beijo verbal
Nos desvios dos olhos teus
Veem aleatoriedades do empático
Sorri! Tornou-se intenso
O momento que nos é propenso.

Raquel García.

segunda-feira, março 12

Frustração

É mais fácil desidratar as rosas do que regá-las
Borradora de nossas concepções
Pulsante aguça instintos subconscientes
Fazendo de mim algodão quando forte quero ser

No abismo do invariável tapa meus olhos
Pra que eu possa sentir nos espinhos a verdadeira essência da rosa  
Arranha e dói feito a força da circunstância geradora de mim
Assim sou um filho bastardo do mundo

Massageio minhas mutantes ideias
E à frente do espelho engano-me
Volto a estaca zero por dever-me dívidas
Dívidas de se lançar aos tons do fogo

Cegamente corto seu caule
Sem tato, frígido e sem cheiro  
A rosa queima, a rosa  se desfaz

Raquel García

quarta-feira, março 7

Tentar é doce


Se deixou,  foi...
E se por algum passo
Embaso no voo de um pássaro
Embaraço-me ao acaso
Pro compasso em estragos
Escarro e dou um trago no meu cigarro
Virando cinzas os estilhaços
De assalto às ideias gim de mim faz pedaços
trazendo pra fora feito fumaça o que soa incerto 
Do seguir e moldar-se o espaço
Assim eu quero que fique longe de mim esse descompasso
O azedo do "se"
Se fosse, se fizesse
Se tentasse, se falasse
Estúpido!
Tentar é doce.

Raquel García.