quarta-feira, novembro 27

Pequeno palco do asfalto

Semana passada a vizinhança perdeu o sono
Mais um menino na calçada
Anônimo
Acertado por uma bala
Tiro ao alvo da madrugada
Dos homens que glorificam a farda

Hoje, um senhor no asfalto
Poderia ser meu pai
Teu, ou dele
Duas horas sob um concreto
Seu corpo em ritmo epilético
Quatro vezes em convulsão

Novamente vem os homens cinzas
Com postura passiva
Ao coro por ajuda
Dos civis em adrenalina
190,192,193...
Pra quê?
Vejo o homem roxo
Comentários à torto
Gente estúpida!

Que importa se ele não estava ébrio?
Que importa sua vestimenta suja?
Que importa a inconsciência de si?

Samu,
Hospital Santa Marcelina
Não rogou por nós
Nem por vós
Estamos a sós!

Raquel García

segunda-feira, novembro 18

Fumaça

pulsei com mais fôlego
traguei meu corpo
incorporei-me no ar
desafiei meus sentidos
sobre o teto caminhei
por força dos pensamentos
imersos de sal e sol,
eu transcendi,
disritmei,
descomedi.

Raquel García