sexta-feira, dezembro 16

Vivere

 Conscientizar-se de que todo ato acompanha a linha do tempo, formulada por histórias que tocam, aquecem, enfraquecem o movimento do que se está vivo, o ser!
 Vivendo na sua individualidade, mesmo sabendo que o outro é necessário para adquirir doses daquilo que chamam de satisfação, prazer, felicidade atingidos com a cobrança do caos desesperado pela maturidade humana, emocional e racional no julgo das variações entre você e eu, cresça na crença com um pouco de desgosto.
 O ego, alimentado por partículas das sensações mais diversas presentes nesse universo, pode ser lindo e triste, você é mortal, o resto é infinito. Vamos! Agarre aquele êxtase de paixão mesclado à afeição unido pela cumplicidade. O Eu mais você resultando o nós, entre relações variantes viemos do mesmo gozo intenso e quente da concha de Vênus, o gozo da vida...  Godere mentre sei vivo!!!

Raquel García.

Silver Tape

  Bastardos do útero da Pátria no leito de tragédias, percorrem por todas direções e gerações  famintos  pelo despertar daqueles pequeníssimos detalhes enterrados pelas condicionais de um "politicamente correto".
  Abandonados em meio ao desperdício entregam-se às audácias- ao vulgo, sendo vulgar na contramão dos passos rotineiros.
 Gritos abafados buscam a vivacidade das palavras naqueles olhos que desviam dos meus, dos seus, dos nossos... Espelhos da alma embaçados, cegam-se para manter a "sustentabilidade". Tolos!
 Contra a "poluição" troca-se o alfabeto por fardas, cérebro por cristal líquido, assim, "reciclando" nossos códigos por detrás de ternos e termos... Afinal, a plebe é "descartável"!

Raquel García






terça-feira, outubro 25

Extrato

Raiz sem tronco
Pés que sustentam esse corpo
Pesado de alma leve
Leve distante da matéria
Matéria viva aos olhos alheios
Viver em insanidade
Loucura ao externo
Lírico que ouço
Ao meu ser, sendo belo
Belo, torto e crucial
Longe da perfeição divina
Divina sabedoria do abstrato
Abstrair, desfazer
Desfazer da personificação
E ser, ser o intangível
Invisível aos olhos
Sensível aos cosmos
Aqui jaz
Lá, não mais cá
De tudo que se lançou
Apenas essência perdurou...

Raquel Garcia.

terça-feira, outubro 4

Pudor

Suor... 
Movimentando meus quadris
Esvoaçando meus cabelos
Arrepiando a pele, minha pele
Levo-me nesse jogo
Carregada de sorrisos dissimulados
Coração a mais de cento e quarenta batimentos 
Pra ser quase exata, à mil
Exagerada, exacerbada.
Refrescar-me em chamas
Corpo a corpo
Abafar o ambiente
Perder por alguns instantes o ar
Transpirar...
No escuro à luz das estrelas
Mas lá vem ele, o tempo
Se desfaz a noite
A Lua vira Sol
E o dia nasce!
Olhos atentos
Me permitem encarar
Assim, crua, vamos falar de pudor?

Raquel García.

terça-feira, agosto 9

Homem urbano

E quando os absurdos tornam-se normais?!
Seu corpo sujo e maltrapido se arrasta pelo asfalto
Todos te olham de forma subestimada
Você vê e sente, tem astúcia!
Eu soberbo finjo que está tudo bem.
Vi seu retrato escaneado por toda a cidade
Desde a praça periférica às refinadas curvas do centro econômico
Uma repetição constante
Homem urbano, você se tornou comum...
Passos acelerados presos a um sistema
Tropeçam nos seus "bens"
Papelão e madeira
Calçada, seu chão
Viaduto, seu teto
Odor de enxofre nos faz te notar
E você clama!
Fezes defecam da boca alheia
Essa é sua reciprocidade
fome, sede, cassetete!
Em dias frios não há perdão...
Aguardente já não alucina mais
Com seu cão procuram um espaço
Entre o caos e o descaso. 
Da cidade cinza
Vacinada pela egotrip
Pois São Paulo acha feio o que não é vitrine!

Raquel Garcia.

quarta-feira, agosto 3

Magnitude viva

A magnitude da vida desenvolve seu ritmo
Ventos por várias direções fazem as flores dançarem
Borboletas colorem o céu
Abelhas desenham o infinito
A brisa bate em meu corpo
Sensível estou!
Cabelos contra o vendaval 
Jorrando sorrisos pelo espaço
Dentes-de-leão esvaindo 
Pés firmes sobre a argila
Se lançam num impulso do tronco
Em suas águas me esbaldo
De todo o vazio que em mim habitava
Se enche de amor
Na terra, na cachoeira, no ar...
Quisera eu... posso até voar!

Raquel Garcia.

segunda-feira, julho 4

Degraus

Sereno entre o sol tímido nascendo
Calçada fria, rua, esquina
Consciência grita palavras tortas da madrugada cinza
Descalça sobe seus degraus
Seu corpo pesa
Sua alma acelera
Gravidade baixa
Sedenta, enraivece!
Respiração 
Braços soltos
Mente presa.
Consciência berra desespero entre o medo
Mais um dia de uma mente penada.

Raquel Garcia

terça-feira, junho 14

Sol tardio

Olhar cansado
Braços entrelaçados
Bolsa cheia, mente vazia

Centímetro desocupado
Pés calejados
Bolsa cheia, barriga vazia

Cinzas de cigarro
Colunas sem espaço
Bolsa cheia, mente vazia

Buracos na estrada
Boca calada
Bolsa cheia, vida vazia

Vinte e quatro horas
Trezentos e sessenta e cinco dias

Raquel Garcia.

segunda-feira, maio 30

Calçada

Nas curvas do meio fio
Num estado desequilibrado
Banha-se em emoções
Esboça ideias sem nexo
Caminhando... pensando...
Olho profundo, fixo.
Cidade cinza
Dia frio e nebuloso
Incerto.
Na contra-mão
Um som
Longínquo
Destino quase inatingível
Dessa forma, subentendido.

Raquel García.

quarta-feira, abril 20

Da Alma I

Meu corpo não sente
O sangue que corre já não é do pulsar
Minha alma ferve
Com os olhos fixos, me trás uma paz...
Amor da minha vida!
Ultrapassa meus limites
Confesso que tamanho sentimento
Já não é da compreensão humana.

Da Alma II

Quilômetros de olhares pra te encontrar
Em mim, estranhas reações
Risos falhos 
Desequilíbrio e inconstância me tomam
Já não há razões
Tudo corre para um sentido, apenas.
Ou talvez encontrei o que estava perdido?
Ouço o som de uma nota só
Pulsa, pulsa, pulsa...
Desmorono!
Me perco como outrora 
Pois a incompreensão humana me deixou
Aqui, sem a alma.

Raquel Garcia.

sexta-feira, abril 15

Bicho sentimental

Alma, fogo...Intensidade!
Sentimentos e reações degustadas por cada sentido
Tão rápido que ainda sinto o vento da forte tempestade
Chuva de verão, cai e passa
Abrindo espaço para uma nova estação
Como uma folha em queda de outono
Passo pelo inverno com o coração quente
Aguardando mais uma primavera que pode ser amanhã
Feliz a cada estação
Mesmo com tantos erros de direção

Raquel Garcia

quinta-feira, março 31

Pretensão

pessoas se aproximam
destilam seu momento
sua vida
seu anseio...

onde restou? 

pessoas vem e vão
me carregam 
sem ao menos pedir permissão

onde estou?

pessoas fazem e me deixam
ali, de canto
no vazio

o que foi?
passou...

Raquel García.

terça-feira, fevereiro 22

E no meio da rotina, fazíamos POESIA

Naquele ônibus desequilibrado
Sem muita harmonia
Você e eu existia
A gente pensava
Nossas palavras voavam
Elas faziam o caminho
Numa intensa sintonia
Com muitos risos
Ao observar olhos cheios de melancolia
Pessoas cansadas
Carregadas de rotina
Mas nossos impulsos nos levava
A fazer poesia
Da vida
Quando o sol nos avisava
O inicio de um novo dia! 



Raquel Garcia.