sábado, janeiro 25

São Paulo é um buquê

460 anos
Torrando meu café
Sou resultado do extermínio
feito as bordas de pizza
Estou sobre as margens
Fragmento da periferia
Locomovo-me
Prensada em latas

Elegeram nossos heróis
(que ninguém queria)
Castelo Branco, 1964.
Hoje, 2014
quase 50 anos,
pós golpe militar

Tenho de caminhar
por essas vias
manchadas de sangue
massante rotina

Passar pela Bandeirantes
que cruelmente
matou parte do meu sangue

Aos índios, aos negros
Para os nordestinos
à eles e suas diversas etnias
Honro como donos da terra
Nem paulista, nem paulistano
Não há bandeira sobre o pranto
Guaranis, presente!


Raquel García.

quarta-feira, janeiro 8

Ao que se funde e não anula

Os dias juntos são combustíveis
Para vivenciarmos os possíveis

Sejamos cúmplices do estar
Quando perto,  amar

Nas entregas do corpo e mente
Não procures ser decente

Que não viemos a nos suportar
Mas possamos nos ausentar

A paz do silêncio
É perfume feito incenso

Fazei de ti o melhor para si
Enquanto me renovo em mim

Olho no olho
Desenvolvendo nossos esboços

Atentos às minuciosidades
Ao respeitar a liberdade

Alimentai a frenquência de  sintonia
Nos paradoxos da companhia.

Raquel García