sábado, setembro 8

Faca de dois gumes


Se é para expormos
Vamos direto ao tudo
Tudo que interno vive
O intrínseco
O bolor
A utopia!
E se a fatalidade é o que se lança
O sonho é o que nos tira dessa dança
Rios e sois, como nós, há nascentes
O existir e repelir
Discordar e não ser omisso
Destrambelhar em linhas tortas
Não há d'us nem criaturas
Erramos e desfazemos
Sonhamos e acordamos
No entanto, redundamos...
Mas se é para dormir
Que não seja no breu
Se meus olhos pestanejam
A distorção do eu
Vamos lá
Caçar na condicionante
O prazer do sonhar
Discordando e amolando
Nossa faca de dois gumes


Raquel García

Agudice de Oxitocina



Despertai o que aqui dorme
Fazeis com que não morre
Doce criatura, toma-me
Leva-me para um canto
De preferência ao teu lado, insano
Em mim, há medos
No eu, desejos
Sobre a lua e o sol
Exale amor e nós
Para que não desate
Nosso próprio desastre
Na minha tragédia que é existir
Procuro pecados para fugir
Garoto, cruze seus braços em mim
E faça com que eu não queira deixar de insistir!

Raquel García.

sexta-feira, setembro 7

Efêmero

Somos tão efêmeros
incorporados no imenso desejo
desejo do sempre
sempre por um triz

Abocanhados pelo lobo
lobo que nos persegue
De tão primatas
nos prendemos ao material

Desintegra-se nossa essência
aos vãs prazeres
mal acasos pensados
desastrosos humanos

Preste atenção
que nesse vasto espaço
somos um ponto
pequenos e sãos

Doses de loucura 
são necessárias

Entorpecer-se diante dos raios solares
aquece o que pulsa

Aqueles de lá não o querem
correndo sempre o risco de se perder
a cada pálpebra fechada
aguardando um novo dia nascer...

Raquel García.