É a chaga
Que marca
Me machuca
Dói
O chicote que estrala
Nas palavras engasgadas
Em cada golada de lágrimas
É o grito
O sopro no vazio
Que corrói
Afasta, acelera, palpita
De um passado
No presente
Em sequela
Raquel García
quarta-feira, dezembro 16
sexta-feira, outubro 30
Estampa
Com malícia e arte no peito
estampa de mim
na face da mana
eu me vejo
Com ginga
feminina alma
contornos
falas
caminhada cismada
Com as minhas
enveredo e causo efeito
mantenho o respeito
olho para o passado
reconheço meus espelhos
Com calma
o ontem é produto do hoje
Na história
fui
vi Sueli
Cores
ternura
púrpura
Geni
Firme na firma
Walk,Firmina
Sementes memória
fluxos
folhas
somos frutos.
Raquel García.
estampa de mim
na face da mana
eu me vejo
Com ginga
feminina alma
contornos
falas
caminhada cismada
Com as minhas
enveredo e causo efeito
mantenho o respeito
olho para o passado
reconheço meus espelhos
Com calma
o ontem é produto do hoje
Na história
fui
vi Sueli
Cores
ternura
púrpura
Geni
Firme na firma
Walk,Firmina
Sementes memória
fluxos
folhas
somos frutos.
Raquel García.
terça-feira, outubro 27
Incuti em Kuti
Travessia atlântica
De lá,
Fela
Ondas sonoras
Feito mar inquieto
Nos toca
Movimento
Dança diaspórica
Raquel García
terça-feira, outubro 20
Dia
Gosto do dia
Do clima
Da brisa
Das alterações das cores
Do céu em degradê
Do suor
De pisar em solo quente
De me refletir nas frestas
Dos raios solares em festa
Me anuncia
O olho no olho
Sem fuga
Vejo reflexos
Pessoas sinuosas
Insinuantes
Peles expostas
Timidez
Entrecostas
O dia é o brilho desmontado
Um palco ornamentado
De olhares estrelados
Raquel García
terça-feira, agosto 18
Olhos fotografia
Te registrei
Nos meus olhos negros
Aquilo que na alma habita
Tua aurora, fitei
Incerta, no acerto
No teu olhar, transitei
Sob a pele ainda marcada
Em mim, guardei
Parte de histórias
Pra te encontrar eu sei
No descansar do olhar
Só pra ver
A sinestesia que seu reflexo me trás
Raquel García.
sábado, julho 25
Rompimento
Somos aquilo que o racismo não quis
Na construção da identidade
Não há diáspora sem ancestralidade
Olhemos para trás como pássaro sankofa
Rompimento dos ciclos
Feito invasor
Nas suas estruturas vamos nos impor
Somos aquilo que o racismo não quis
Nossas reparações queremos em cotas
Pigmentaremos colarinhos
Com papel, caneta e memórias
Nas instituições vamos recontar a História
Raquel García
Na construção da identidade
Não há diáspora sem ancestralidade
Olhemos para trás como pássaro sankofa
Rompimento dos ciclos
Feito invasor
Nas suas estruturas vamos nos impor
Somos aquilo que o racismo não quis
Nossas reparações queremos em cotas
Pigmentaremos colarinhos
Com papel, caneta e memórias
Nas instituições vamos recontar a História
Raquel García
sexta-feira, julho 10
Mergulho
Manifesta na mente o que sou
Festa em mim ecoou
Ludibriando meus medos
Encaro os anseios
Trançando outros percursos
Desimpedida de discursos
Sigo em frente de cara lavada
Pele, corpo, alma
Tão agitada quanto calma
No que pintar
Sedenta, armada, aflorada
Vou mergulhar
Raquel García
Festa em mim ecoou
Ludibriando meus medos
Encaro os anseios
Trançando outros percursos
Desimpedida de discursos
Sigo em frente de cara lavada
Pele, corpo, alma
Tão agitada quanto calma
No que pintar
Sedenta, armada, aflorada
Vou mergulhar
Raquel García
Entre o trem e a plataforma
Linhas coloridas recheadas de nós
Na concretude rotineira
Um tumulto, todo mundo só
Braços para o alto
Bolsas na manha de colete à prova de balas
Um passa-passa
Pernas e malas
Balde(ações),
Vãos, tropeços, pessoas vãs
Quilometragem longínqua
Intensas manhãs
Todo dia, todo dia que nunca é santo
É rotina!
Um tumulto, todo mundo só
Braços para o alto
Bolsas na manha de colete à prova de balas
Um passa-passa
Pernas e malas
Balde(ações),
Vãos, tropeços, pessoas vãs
Quilometragem longínqua
Intensas manhãs
Todo dia, todo dia que nunca é santo
É rotina!
Eu, só para retomar os pensamentos que são prensados na "hora do rush".
Raquel García.
Achados não perdidos - 2012
Das sequências resgatadas
Exílio do corpo
Silêncio para os lábios
A astúcia da essência
Solidão necessária
Intensidade de ser
Por vezes doloridas
Cortinas abertas
Um convite
Que o sol faça sua visita diária
Para os olhos: Verdade
Abençoada seja a maldita da carne, viva!
A loucura é o processo de transmutação
E que cada tropeço meu, resista!
Pra frente e firme.
Silêncio para os lábios
A astúcia da essência
Solidão necessária
Intensidade de ser
Por vezes doloridas
Cortinas abertas
Um convite
Que o sol faça sua visita diária
Para os olhos: Verdade
Abençoada seja a maldita da carne, viva!
A loucura é o processo de transmutação
E que cada tropeço meu, resista!
Pra frente e firme.
Eu, numa manhã vertical...
Raquel García.
Achados não perdidos - 2012
terça-feira, junho 23
Antena
Já pensou que louco
Largar mão do individual
Expandir o umbigo oco
Para as experiências do real?
Dê um jeito na antena
Sintonize a consciência
Desligue-se do Rezende e do Datena
Meta um "stand by"
Alimente as ideias
Instigue a sapiência
Raquel García.
Largar mão do individual
Expandir o umbigo oco
Para as experiências do real?
Dê um jeito na antena
Sintonize a consciência
Desligue-se do Rezende e do Datena
Meta um "stand by"
Alimente as ideias
Instigue a sapiência
Raquel García.
segunda-feira, junho 22
Poder ser e é
A poesia abre portas,
Derruba sentinelas
Promove encontros
Permito expor minhas querelas
Nas palavras pulsantes
De um cérebro inquieto
Num corpo insatisfeito
A poesia é alimento
Poesia que me permite o riso
Retribui o abraço
Promove o choro
De empatia e afago
Nas folhas
Páginas
Marca-texto
Boca
Poesia é um suspiro
O levante daquilo absorvido
Desejado e desconhecido
Raquel García
Derruba sentinelas
Promove encontros
Permito expor minhas querelas
Nas palavras pulsantes
De um cérebro inquieto
Num corpo insatisfeito
A poesia é alimento
Poesia que me permite o riso
Retribui o abraço
Promove o choro
De empatia e afago
Nas folhas
Páginas
Marca-texto
Boca
Poesia é um suspiro
O levante daquilo absorvido
Desejado e desconhecido
Raquel García
segunda-feira, junho 15
Mudanças
altero estradas
com minh'alma falha
(re)aprendo acertos
de mente aberta
ideias não se calam
caminho em alvoroço
paciência nas pausas
no incerto, traço recomeço
movimentos intercalam
ao silenciamento que abala
Raquel García
com minh'alma falha
(re)aprendo acertos
de mente aberta
ideias não se calam
caminho em alvoroço
paciência nas pausas
no incerto, traço recomeço
movimentos intercalam
ao silenciamento que abala
sigo firme no meu lugar de fala
distante das mazelas
distante das mazelas
redesenho minhas estruturas
de pé, me mantenho
inquieta e ousada
de pé, me mantenho
inquieta e ousada
Raquel García
segunda-feira, junho 8
Raíz
Filhas da diáspora
Trazem consigo
Os pés enraizados
Na terra
Cultivam a força
Todos os dias
Semeando a luta
Buscam reparações
A emancipação
N'as veias abertas
Da América Latina
Correm por Benguela
São Mahins,
Dandaras, Carolinas
Ventres de Oxum
Permitem a vida
Mães
Guerreiras
Rainhas
Afoitas
No emponderar do dia-dia
Raquel García.
Trazem consigo
Os pés enraizados
Na terra
Cultivam a força
Todos os dias
Semeando a luta
Buscam reparações
A emancipação
N'as veias abertas
Da América Latina
Correm por Benguela
São Mahins,
Dandaras, Carolinas
Ventres de Oxum
Permitem a vida
Mães
Guerreiras
Rainhas
Afoitas
No emponderar do dia-dia
Raquel García.
O Estado Veste Cinza
o Estado veste cinza
encarcerar é rotina
se não prende,
mata
arrancam os frutos das árvores antes mesmo de maduros feito strange fruit
a negra juventude dilacera por detrás das celas ontem, senzala hoje, fundação casa
quanto vale ou é político? matricular omodé na cadeia pra burguesia bater panela que papelão!
na tv destilam o ódio política de vingança sistema de exclusão
aplausos reacionários revoltados online senso-comum midiático dos seus privilégios não abrem mão
os movimentos em reação gritam: maioridade penal? NÃO! que maldade, na moral 31 de março, não quero mais não!
Raquel García
arrancam os frutos das árvores antes mesmo de maduros feito strange fruit
a negra juventude dilacera por detrás das celas ontem, senzala hoje, fundação casa
quanto vale ou é político? matricular omodé na cadeia pra burguesia bater panela que papelão!
na tv destilam o ódio política de vingança sistema de exclusão
aplausos reacionários revoltados online senso-comum midiático dos seus privilégios não abrem mão
os movimentos em reação gritam: maioridade penal? NÃO! que maldade, na moral 31 de março, não quero mais não!
Raquel García
segunda-feira, maio 4
Azaleia
Azaléia que resiste ao frio
No espaço-tempo
Explode seu pigmento
Contraste ao cinza da cidade
Movimenta o eixo
Afirmativa às adversidades
Imponente quanto os arranha-céus
Espetáculo, ensejo
Abre pétalas
Em cores floresceu
Raquel García
No espaço-tempo
Explode seu pigmento
Contraste ao cinza da cidade
Movimenta o eixo
Afirmativa às adversidades
Imponente quanto os arranha-céus
Espetáculo, ensejo
Abre pétalas
Em cores floresceu
Raquel García
terça-feira, abril 28
Eu, mulher preta
Poesia estampada na Biblioteca Temática em Direitos Humanos. CFCCT
Se manca,
Se toque
Para com esse token
Eu, mulher preta
Vou falar de mim!
Não me peça calma
Meça suas palavras
Minha oralidade é tamanha
Feito som de alfaia
Eu, mulher preta
Vou prosseguir!
Nos desvios de cada fiu-fiu
Em noites de passos acelerados
Contra a colonização mental
Várias marcas
E cicatriz
Eu, mulher preta
Que sinto o arrepio!
Nessas tensões
Não lhe devo explicações
Sobre minha fala... minhas batalhas
Eu, mulher preta
É que sei de mim!
Raquel García.
quinta-feira, março 26
Negramor
Na diáspora eu resisto
Em estado de resiliência
Finco minhas raízes
Protejo minhas folhas
Minha consciência
Minha cor
Dia e noite
No frio e calor
Resistindo às chuvas e vendavais
A cada nascer e por-do-sol
Enterro minhas dores
Renasço em flor
Colorida
Altiva
E viva
Sou negramor
Raquel García
quinta-feira, fevereiro 19
CADERNOS NEGROS 37
No dia 12 de dezembro do ano de 2014, pude ter alguns de meus escritos publicados em um livro. Com imensa gratidão, participo da coletânea de poemas afro-brasileiros "Cadernos Negros" - volume 37. Esta obra é organizada pelo QUILOMBHOJE Literatura. Cada página construída nesses trinta e sete anos significa a resistência de mentes inquietas e conscientes de sua negritude! Esse espaço permite que escritorxs negrxs possam documentar em material físico o seu emponderamento nas palavras e no exercício intelectual. Bebo da fonte desse legado!
Arte: Márcio Barbosa - Quilombhoje Literatura
quinta-feira, janeiro 29
Olha a água! (É mentira)
Mistério confuso na cidade do opressor
Na terra de São Paulo não há deus precursor
Seu Geraldo sempre armado
Das nossas águas descuidou
Enquanto balela na tv discursou
Desde março na perifa
Tem seca no frio e no calor
As escolas já se fecharam
Pois nem pra merenda uma gota sobrou
Agora somos obrigados
À pagar aquilo que não chegou
Os fenômenos da natureza se revoltou
Quero ver quem vai fazer chover
Na destruição ambiental
Por interesses dos doutô!
Raquel García.
Raquel García.
segunda-feira, janeiro 5
Quero ser Zen
para Zenaide Zen, no ori!
Tranquilizar-me nos momentos que me tenho
Sob a argila que ao meu corpo camufla
Deixo a sorte do corpo à expressar
Na hora em que eu menos esperar
Divido cada detalhe de mim com a natureza
Deslizando em água de cachoeira
Manifestação real do sentimento de pureza
Salubá! Ao vento peço licença
Para o meu corpo dançar
No encanto da inocência
Deixo minh'alma balançar
Abaixo da luz solar
Na argila entre os dedos
Sou fera, menina
Faço um esboço do novo
Sob as águas de minas
Inspiração me alcança
Sincronizo minhas formas
Às folhagens das plantas
O movimento sai aleatório
Sem pudor
Com amor
A verdade recai sobre mim:
- Quero ser Zen!
Raquel García.
sexta-feira, janeiro 2
Tiradentes City
Cidade Tiradentes
Contorno ao lado direito do mapa
Borda recheada de diversidade
Da São Paulo multifacetada
Exílio na selva de pedra
Longe do centro
Á alguns quilômetros do mar
Minha hospitalidade
Meu lar
Reduto plural
Falador aqui
Passa mal
Da revolta e da paixão
O lado de cá vive em ação
Coletivo ou indivíduo
Sem migué
Aqui, homem e mulher
produzem o que quer
Tem embolador
Contador de histórias
Meninxs dos muros
Fazedores de rimas
Arteiros em demasia
Feijoada da Príncipe Negro
Samba ao lado do Funk
Nostalgia Black
Não esquecendo do Rap
Pizza Quadrada
ao som do Rock e do Reggae
Pombas Urbanas
Teatro, sarau e dança
Bar da Cris e do João
Biblioteca Solano Trindade
Mc's em reação
Isso é psicoferia*
Característica evolutiva da "Tira"
Raquel García
*neologismo cunhado por Emerson Dylan.
Contorno ao lado direito do mapa
Borda recheada de diversidade
Da São Paulo multifacetada
Exílio na selva de pedra
Longe do centro
Á alguns quilômetros do mar
Minha hospitalidade
Meu lar
Reduto plural
Falador aqui
Passa mal
Da revolta e da paixão
O lado de cá vive em ação
Coletivo ou indivíduo
Sem migué
Aqui, homem e mulher
produzem o que quer
Tem embolador
Contador de histórias
Meninxs dos muros
Fazedores de rimas
Arteiros em demasia
Feijoada da Príncipe Negro
Samba ao lado do Funk
Nostalgia Black
Não esquecendo do Rap
Pizza Quadrada
ao som do Rock e do Reggae
Pombas Urbanas
Teatro, sarau e dança
Bar da Cris e do João
Biblioteca Solano Trindade
Mc's em reação
Isso é psicoferia*
Característica evolutiva da "Tira"
Raquel García
*neologismo cunhado por Emerson Dylan.
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